A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP), representante de mais de 40 mil estabelecimentos de saúde no estado, alerta para o risco de sobrecarga do sistema público de saúde em consequência da saída de 1,6 milhão de usuários dos planos de saúde no último ano.
Dados recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indicam a retirada de 788 mil clientes somente nos cinco primeiros meses do ano, sendo a maioria proveniente dos planos empresariais. Devido à crise econômica muitas empresas realizaram demissões em massa, o que resultou em muitas pessoas sem a cobertura de um convênio médico.
Segundo Yussif Ali Mere Júnior, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, o maior problema é a transferência dessa imensa massa de desempregados rumo ao Sistema Único de Saúde (SUS), agravando o já complicado acesso ao sistema e, mais que isso, implicando em aumento de custos para o poder público, que já enfrenta sério problema de financiamento da saúde.
O acesso universal à saúde está garantido pela Constituição e precisa ser obedecido, mas a questão é que “dar tudo para todos”, como prevê a Carta Magna, implica em direitos e esses direitos custam e precisam ter orçamento, avalia.
“Atualmente, o financiamento do sistema é absolutamente insuficiente, já que contando com os investimentos privados, o Brasil investe cerca de US$ 1.000 por habitante/ano enquanto a Suíça, por exemplo, investe US$ 9276 por habitante/ano na saúde”.
O Brasil também é o país que possui um dos menores investimentos públicos em saúde em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Ministério da Saúde. O país investe 4,7% do PIB em saúde enquanto países como Canadá, França, Suíça e Inglaterra investem de 7,6% a 9% do PIB.
O financiamento do sistema tem agora mais esse desafio: o desemprego está empurrando milhões de pessoas para o SUS e é hora de se abrir um grande debate nacional para implantar melhorias, mudando o modelo de atenção, de gestão e de financiamento da saúde. Para isso, Yussif propõe ao novo governo a participação efetiva de todos os que fazem parte da cadeia produtiva da saúde para juntos definirem novos rumos para uma política nacional de saúde mais eficaz.
Hospitais
A perda de clientes pelos planos de saúde impacta diretamente os serviços conveniados, entre hospitais, clínicas e laboratórios, que prestam serviços a esse setor. A saída para manter o faturamento ou perder menos é cortar custos, diminuir leitos, melhorar a gestão, diminuir o lucro e encontrar alternativas criativas de negócios para sobreviver à crise. O faturamento do setor em 2015 foi de R$ 161,9 bilhões, empregando mais de dois milhões de pessoas no país. Para este ano, há estimativa de estagnação do crescimento.
Para driblar o atual momento econômico de adversidade, novos modelos de negócios estão surgindo ou se organizando inclusive no formato de clínicas populares a um custo mais acessível para consultas e exames bem como serviços de atendimento domiciliar (home care) e alguns nichos como a medicina em caráter preventivo e diversas linhas de psicoterapia.
Apesar da crise, Yussif acredita que o setor seja atingido em menor escala pela crise e que o desemprego na saúde seja inferior se comparado a outros segmentos da economia pelo fato da saúde trabalhar com uma mão de obra intensiva e especializada.
com informações do SindHosp